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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

3082 - SX Animal Planet



O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5342 SX                           Data: 11 de dezembro de 2017

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXV


RICARDO ZANELLI


Acontece com alguma frequência. Convivemos com pessoas que julgamos conhecer bem e, de repente, não mais que de repente, somos surpreendidos com informações sobre sua trajetória de vida, sua biografia, para nós inteiramente desconhecidas, dignas de espanto.

Nesse quesito Paulo Fortes, meu pai, era campeão. Em certa ocasião, na década de 50, foi apresentado a um cidadão alto, muito elegante, super educado, que participava da organização da temporada lírica do Teatro Municipal de São Paulo. Ficaram muito amigos. Tempo suficiente para o barítono descobrir que Oscar Nascimento, o promotor de óperas, fora goleiro e ídolo do Palmeiras e do Fluminense nos anos 30 e 40, chegando a defender a meta da seleção brasileira. Seu filho integrou a seleção nacional de basquetebol. Sua filha, a equipe brasileira de voleibol. Que família, não é mesmo?

Ainda falando de Paulo Fortes. Tinha como colega, no Municipal do Rio, um tenor que cantava pequenos papéis. Seu nome era Nino Crimi. Foi, durante três décadas, o tenor comprimário mais atuante no Municipal do Rio. Não se aventurava a cantar primeiros papéis. Um dia a revelação bombástica chegou ao conhecimento de meu pai: Nino Crimi era filho de Giulio Crimi, um dos mais importantes tenores da cena lírica mundial, rival de Enrico Caruso, também ele uma grande estrela do Metropolitan Opera House de Nova Iorque. Nunca me ocorreu indagar de meu pai as circunstâncias, certamente bastante especiais, que conduziram o obscuro Nino Crimi a se radicar no Rio de Janeiro.

Como não gosto de ficar para trás, também tenho algo no gênero a contar. Durante meu curso na Faculdade Nacional de Economia desenvolvi uma boa amizade com Edgar da Silva Ramos, sujeito muito educado e classudo, excelente conversa. Levei algum tempo para descobrir que seu pai era o piloto Hermano da Silva Ramos, o "Nanô", um dos primeiros brasileiros a ingressar no restrito mundo da Fórmula 1.

Imagino que não tenha sido diferente com Ricardo Zanelli o personagem da nossa crônica de hoje. Certamente devia chamar a atenção aquele cidadão que circulava por Ipanema com uma ave, um corrupião, no bolso. "Chico", o corrupião, não tinha as asas cortadas. Dava longos passeios, sempre retornando ao bolso de Zanelli. De vez em quando botava a cabeça para fora do bolso, possivelmente para conferir se o percurso cumprido por seu dono era o habitual. Tremenda atração, como se vê.

Zanelli também causava espanto nos hospitais, clínicas e consultórios que visitava na sua condição de propagandista-médico. Trabalhou por muitos anos no Laboratório Merck. Onde quer que fosse, juntava gente, médicos, enfermeiras e pacientes para discorrer, sobre os produtos que divulgava, nos oito idiomas que falava fluentemente. Todos percebiam que não estavam diante de um cidadão comum. Ele tinha muitas histórias para contar. É o que vamos tentar fazer a partir de agora.

Nosso personagem nasceu em Draguccio, no Friuli, nordeste da Italia, em 26 de março de 1903. O Friuli então pertencia ao Império Austro-Húngaro. Suas escolas ensinavam, além do italiano, também o alemão e o húngaro. Sua mãe era croata. Por conta disso, aos dez anos de idade, falava indistintamente os quatro idiomas. Em função de sua trajetória de vida bastante agitada, esse acervo ainda viria a crescer mais tarde.

Era um verdadeiro atleta. Excepcional nadador e corredor. Cedo percebeu que Draguccio era muito pequena para comportar suas ambições. Foi para Roma em busca de uma vaga no Corpo de Carabineiros Reais. Foi aprovado em dificílimas provas físicas, culturais e psicotécnicas. Aos 24 anos alcançou o posto de Tenente.

À época, a Itália vivia uma fase de transição de poder entre o Rei Vittorio Emmanuele e uma liderança que havia despontado trazendo uma Nova Ordem, o Fascismo. Seu ideal era representado por um feixe (fascio, em italiano) de varetas amarradas em volta de um machado, significando que, todas elas juntas, superavam o poder do machado. Individualmente, o machado as cortaria, uma a uma, sem dificuldades. Resumindo, "A união faz a força."

Benito Mussolini, "Il Duce" (o que conduz), manobrava a situação, fazendo do Rei uma figura decorativa. A Itália estava sendo dirigida com mãos de ferro. Havia alcançado algumas conquistas em termos de organização, mas a liberdade de expressão e de ir-e-vir estava drasticamente comprometida. Crescia a olhos vistos o culto à personalidade de Benito Mussolini.

No Corpo de Carabineiros Reais, fiéis ao monarca, esses acontecimentos não repercutiam de maneira satisfatória. Os oficiais superiores iniciaram um movimento com o intuito de derrubar a liderança fascista e restabelecer o poder real. Foram denunciados e presos, juntamente com os simpatizantes de sua iniciativa. Entre eles, Ricardo Zanelli.

Tentando adiar uma decisão definitiva por parte das autoridades, o pai do Tenente contratou um advogado que, através de hábeis argumentos legais, conseguiu autorização para que o réu fosse visitar sua família, no Friuli. Lá chegando, ele driblou a escolta militar e escapou pela fronteira com a então Iugoslávia. Começava aí uma saga que só terminaria 53 anos mais tarde, no Rio de Janeiro.

Solto no mundo, sem documentos, dinheiro ou bagagem, nosso herói encontrou uma maneira de fazer prevalecer sua condição atlética invejável. Depois de um razoável período de treinamento, foi admitido num circo iugoslavo como trapezista e contorcionista. A experiência, no entanto, não durou muito. Algumas cidades visitadas pelo circo definitivamente não atraiam nosso personagem.

Sem destino certo, o Tenente chegou à Grécia. No porto de Pireus, conseguiu emprego num navio cargueiro que se dirigia à Turquia. Não sabia que o navio levava armamento clandestino para ajudar rebeldes que estavam em luta contra o governo turco. Foi preso, junto com os demais tripulantes. Permaneceu seis meses na prisão, sendo libertado quando as autoridades chegaram à conclusão de que ele havia embarcado sem conhecimento dos propósitos do navio. Solto, recebeu uma passagem para Constantinopla, onde chegou ao anoitecer, sem conhecer ninguém e sem ter onde dormir.

Não morreu de fome graças a um cachorro. Não era um cachorro comum. Tinha enorme talento para roubar linguiças que permaneciam expostas nas quitandas da cidade. Ricardo seguia o cachorro. Este comia até se satisfazer. O que sobrava era mais do que suficiente para aplacar a fome do Tenente.

Andando, sem destino, um belo dia ele chegou à frente de um bordel, em que foi admitido como faxineiro. Em troca dos seus serviços, teria casa e comida. A sorte lhe sorriu quando um sujeito embriagado se meteu numa briga tremenda, apanhou muito e foi jogado numa poça de lama. Foi socorrido por Ricardo. Era um empresário búlgaro muito rico. Possuía plantações de rosas e visitava com frequência a Turquia para negociar com fabricantes de perfumes. Indagou de Ricardo: "Você está disposto a trabalhar para mim? Despeça-se do seu patrão e venha comigo." Saíram à rua, foram a uma loja onde o búlgaro o presenteou com roupas, sapatos e uma mala de viagem.

Esse poderia ter sido o início de uma história feliz. Tudo que o cidadão búlgaro declarou era verdade. Ricardo viu-se diante de imensas plantações de rosas. Rosas a perder de vista, que exalavam um aroma fortíssimo. Com três meses de trabalho Ricardo foi vencido pelo enjoo causado pelo perfume.

Pediu demissão. Foi para a Romênia, trabalhar numa região petrolífera que já abrigava muitos italianos. Ali permaneceu alguns meses. Irrequieto, resolveu conhecer a Transilvânia, onde foi trabalhar no castelo de um conde. A nova ocupação também não durou muito. O motivo? Problemas com a mulher do conde, que o assediava de todas as maneiras. Ele resistia de todo jeito. Mas o próprio conde, que conhecia bem sua cara metade, deu-lhe uma boa quantia em dinheiro, pedindo-lhe que fosse para bem longe de sua mulher. Dela ele tinha muito ciúme, e sabia que era louca por homens jovens e bonitos.

Ricardo seguiu, então, em direção à Polônia, atravessando a Hungria e, naquele tempo, a Checoslováquia. Numa cidadezinha fronteiriça com a Rússia saiu a passear, chegando a uma praça onde um lutador de luta-livre se exibia desafiando os homens da plateia. Aquele que resistisse mais tempo ganharia um prêmio. Um a um, os que aceitavam o desafio, iam caindo. Até que Ricardo resolveu subir ao ringue. Já foi dito que ele era muito forte. Resultado: Zanelli derrubou o lutador profissional! A plateia, julgando que aquilo havia sido combinado, aplicou uma surra nos dois. A solução foi sair correndo. A partir daí, os dois contendores ficaram amigos.

Sem esquecer os problemas sérios que havia enfrentado num regime de direita, o fascismo italiano, nosso herói imaginou que a Rússia comunista poderia ser um contraponto ideal. Informou-se sobre a localização da fronteira da Polônia com a Rússia e para lá caminhou durante muitas horas, em meio a um tremendo temporal. Pois foi esse temporal que lhe permitiu atravessar a fronteira, repleta de fossos de lama, arame farpado e sentinelas em guaritas a intervalos regulares. O vento sacudia as cercas, o que provocava fortes faíscas elétricas. Os guardas, temendo um problema maior, desligaram a corrente. Com isso Ricardo conseguiu se esgueirar por baixo da cerca e alcançar o lado soviético.

Andou por toda a noite até perceber que estava acompanhando uma linha de trem. Depois de uma boa caminhada, alguns casebres apareceram. Numa estação próxima um trem estava sendo carregado com toras de madeira. Seu destino era Moscou. Escondeu-se por entre as toras. Viajou por um dia e uma noite, até chegar à capital russa. Logo foi descoberto e era isso o que ele queria.

Foi levado à presença de um oficial do Exército Vermelho que falava italiano e o interrogou longamente. Contou-lhe sobre sua fuga da Itália, sobre tudo o que passara e sobre o seu desejo de trabalhar na Rússia, onde sabia que tinha vários compatriotas. O oficial mostrou-se muito amistoso e o aconselhou a não comentar ter sido oficial militar na Itália, para evitar desconfianças. Disse que se chamava Rupert Bielov. Por que falava tão bem italiano? O motivo era simples: ele era italiano! Casado com uma russa, tinha filhos russos. Seu verdadeiro nome, Roberto Bianco, fora devidamente traduzido para Rupert Bielov.

Ricardo foi destacado para trabalhar numa fábrica de guarda-chuvas. Trabalhou durante meses, cumprindo uma rotina imutável. Novidades só quando, em direção ao trabalho, passava ao lado de um muro muito alto, ouvindo, por vezes, o sinistro barulho dos tiros de uma metralhadora. De seus companheiros de trabalho escutava sempre a recomendação : "Você não ouviu nada!"

A conclusão de que precisava dar por encerrada aquela jornada aconteceu no dia em que ele e seus colegas foram convocados a assistir à execução de um funcionário búlgaro, acusado de traição. Bielov, o "chefe”, já havia chegado à conclusão de que era impossível "doutrinar" Ricardo Zanelli. Um dia chamou-o para comunicar que estava incluído num grupo de operários que fariam uma excursão-prêmio a Leningrado. Disse: "Sei que se você tiver oportunidade de fugir você o fará. Mas lembre-se de que, se for apanhado, e insinuar que eu lhe dei a ideia, naturalmente negarei tudo e sua palavra nada valerá contra a minha. Em voz baixa, acrescentou : "De certo modo, chego a invejar você." Desejou felicidades e apertaram-se as mãos em despedida.

Durou dois dias a viagem de trem para a atual São Petersburgo. Ali visitaram os vários palácios transformados em museus após a revolução bolchevique de 1917. Visitados todos os pontos programados, o capataz que acompanhava o grupo informou: "Ainda temos dois dias à nossa disposição. Foi-nos oferecida uma visita a Helsinki, na Finlândia. "Querem ir?" Todos aceitaram.

Em Helsinki, aconteceu a fuga de Ricardo. Numa noite muito fria, o grupo decidiu entrar num café para gastar os poucos rublos que tinham em mãos. Ele observou uma porta, nos fundos, que dava para a rua. Pediu licença para ir ao banheiro e saiu sorrateiramente pela tal porta, ganhando a rua e a liberdade. Na noite seguinte certificou-se de que seu grupo já havia partido de volta a Leningrado sem que ninguém reclamasse sua falta. Com a ajuda de um policial finlandês, embarcou num navio que se destinava a Hamburgo. Dominava o alemão e tinha esperança de lá conseguir emprego.

No porto de Hamburgo, mudou seus planos. Lá estava atracado o navio brasileiro "Almirante Alexandrino" que partiria no dia seguinte para o Brasil. Ricardo planejou entrar às escondidas no navio e vir para o Brasil, onde já vivia seu irmão mais velho. Foi o que fez. No dia seguinte, ainda escuro, gelado, subiu pela corda de amarração, entrou no navio e se escondeu num escaler. Logo em seguida o "Alexandrino" emitiu seus últimos apitos e zarpou.

Dentro do bote havia água e biscoitos, mas insuficientes para aguentar tantos dias de viagem. Além disso, havia a posição incômoda e o frio terrível. Aos poucos foi perdendo as forças e desmaiou. Quando recobrou os sentidos estava na enfermaria do navio. Fora considerado morto, mas conseguiram reanimá-lo. Revelou sua intenção de vir para o Brasil mas a Lei pensa diferente. No primeiro porto da escala, Lisboa, foi entregue à polícia marítima de Portugal. Ali ficou determinado que ele deveria ser reconduzido a Hamburgo, seu porto de origem. Bordeaux, na França, foi a primeira escala do navio em que viajou preso, severamente vigiado. Ainda assim conseguiu empreender uma nova fuga, tomando um trem em direção a Paris.

Na capital francesa foi ajudado pela sorte. Um taxista italiano o conduziu até a Associação dos Refugiados Políticos Italianos, onde foi devidamente amparado. Até mesmo um bom emprego lhe foi providenciado, no setor de caldeiras de uma grande fábrica. Serviço árduo e muito perigoso.

Passaram-se os anos, Ricardo reorganizou sua vida, conheceu uma moça com quem iniciou um romance, passou a viver como um parisiense. Dessa época uma lembrança que o marcou profundamente foi a primeira apresentação do "Bolero", sob a regência de seu autor, Maurice Ravel, que ele teve a especial oportunidade de assistir.

Tudo parecia correr bem, até que um fato novo aconteceu. Ricardo passara a comprador da fábrica e o governo francês, tomando conhecimento do alto salário que ele recebia, decidiu que aquele cargo somente poderia ser ocupado por cidadão francês ou estrangeiro naturalizado. Ricardo admitiu a segunda hipótese, mas na embaixada italiana defrontou-se com a antipatia do embaixador italiano, fascista, que sugeriu seu retorno à Itália para reassumir seu posto de Tenente Carabineiro. Tal providência, Ricardo sabia, implicaria em retaliações e até mesmo tortura. Recusou essa orientação, evidentemente. Sem alternativa, o patrão francês de Ricardo indenizou-o generosamente. Abraçaram-se e se despediram.

Com dinheiro no bolso, mas desempregado, restava a Ricardo empreender nova tentativa de vinda para o Brasil. Com esse intento tomou um navio em direção a Lisboa. Também conheceu o Porto. Nas duas cidades assistiu a jogos do Vasco da Gama, que estava em excursão pela Europa. O Vasco venceu seus jogos, sob aplausos dos portugueses. O ano era 1933, Foi quando Ricardo Zanelli se tornou vascaíno.

O navio que conduziu nosso herói ao Brasil aportou na Praça Mauá em novembro de 1933. Seu irmão Vittorio o esperava no cais. Foram para a Tijuca, onde ele morava, com a esposa e um casal de filhos. Ricardo resolveu aprender português por conta própria. Comprou dois livros importantes da nossa literatura: "Os Sertões" e "Casa Grande e Senzala". Leu os dois livros munido de um dicionário. Saía sozinho, para fazer longas caminhadas. Chegou a ir a pé da Tijuca ao Leblon, passando pelo centro da cidade. Conhecia gente, fazia amizades, ia à praia, aos cinemas, aos bares, conversava com desconhecidos. Em menos de um ano falava perfeitamente nosso idioma.

Por influência de seu irmão, químico industrial na Bayer, foi admitido na Companhia Química Merck Brasil S. A. Começou no almoxarifado, mas logo passou a trabalhar como propagandista-vendedor. Sua carreira na Merck se estendeu por 26 anos, sendo desenvolvida em São Paulo, Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Ricardo Zanelli morreu no dia 10 de maio de 1980, aos 77 anos. Um estrangeiro que amou profundamente o Brasil. Que chorou copiosamente na final da Copa do Mundo de 1950. Motivo de permanente orgulho e saudade para seu filho Luciano Zanelli, meu querido amigo, que me repassou todas essas informações. Elas enriquecem, tenho certeza, o nosso "O Biscoito Molhado".



5 comentários:

  1. Já escrevi ao SX que detestei a história porque é tudo verdade. Se fosse ficção, arrumava um jeito para prêmio literário, com a simultânea internação do ficcionista no Pinel. Quanto a mim, que viajei no "Almirante Alexandrino" sobrou mais uma pontinha das coincidências da vida. O navio foi construído para a Hamburg-Sud como Cap Roca no início do século. Em 1917, foi recebido pelo Brasil como reparação de guerra e foi rebatizado em 1926 pelo Lloyd Brasileiro, fazendo a rota Hamburgo-Rio de Janeiro. Depois, com o aumento do porte dos navios, foi deslocado para a rota Santos-Manaus. Consta que foi desmontado em 1966, mas não é verdade. Tiraram o motor a vapor e trocaram por um motor diesel e, nesta condição, viajei nele, com uma balsa a contrabordo levando dois automóveis antigos, entre Manaus e Belém. Pertencia à Jonasa então. Quem quiser ver o navio, com suas chapas rebitadas e proa bem vertical, é só clicar em https://vimeo.com/35413269
    Que prazer!

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    1. O link mudou para https://www.youtube.com/watch?v=sGQ6rOFnwN0&t=4s

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  2. Navios enriquecem as biografias das pessoas. O " Almirante Alexandrino " esteve presente nas trajetórias do Ricardo Zanelli e também do Editor. Quem poderia imaginar...Pouco tenho a falar sobre minhas peripécias navais. limitaram-se a um percurso Buenos Aires - Rio, feito no Eugenio C. O contraponto foi meu pai. Tinha pavor de avião, Ia cantar na Europa sempre viajando de navio. Perto dele, o Almirante Nelson era um neófito. Durante anos ouvi relatos sobre o " Castel Felice ". o " Conte Grande " e o " Giulio Cesare ". Nas feiras da Gávea e da Praça XV encontrei fotos dessas embarcações. Recordar é viver.

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  3. Minha experiência em viagens de transatlântico comercial se resume a uma ida a Santos no Vera Cruz. Era para chegarmos lá em 12 horas e passarmos uns poucos dias em Santos. Meu pai queríamos que soubéssemos como era viajar de navio.
    Ficamos 72 horas na Praça Mauá, Rio de Janeiro. No dia em que embarcamos, 21 de janeiro de 1961, o Santa Maria foi sequestrado pelo Comandante Galvão, anti-salazarista ferrenho. Aí, no Vera Cruz ninguém sai, ninguém entra, até que chegassem reforços da segurança portuguesa.
    Depois viajei nos navios da Marinha do Brasil e foi bem pior.

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  4. Li, reli, e creio que tive o meu primeiro pensamento feminista. Vivi muito intensamente o meu feminino. Não é fácil trocá-lo por nenhum movimento desses que vejo por aí. Aos da década de 50, tudo bem. Ensinavam a mulher a crescer e não a combater agressivamente.
    Tal aventura jamais poderia ter acontecido, à época, com uma mulher. Ela (a aventura) traduz um sentido enorme de Liberdade. Esse tipo de total liberdade deveria ser escrito como substantivo próprio, por isto usei a letra maiúscula.
    Fiz um esforço para lembrar de alguma mulher que a tenha vivido.
    Lembrei apenas de duas. Mata Hari e Adèle Hugo. Uma pagou com a vida, a outra perdeu a razão.
    O suplemento de domingo Ela, de O Globo, perdeu todos o seus cronistas, quem sabe, um dos "padeiros"?

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